No Centro de Hemodiálise de Mirandela começou, desde Outubro do ano passado, um programa de investigação pioneiro em Portugal, de exercício físico para as pessoas com insuficiência renal crónica.
O objectivo deste exercício é melhorar a sua qualidade de vida e suportar melhor os tratamentos, que têm por semana.
O programa integra três dezenas de pessoas, com idades entre os 36 e os 82 anos, que não se cansam de elogiar a ideia.
A ideia deste programa partiu de André Novo, enfermeiro no serviço de ortopedia do Hospital Distrital de Bragança, que está a realizar um doutoramento em Ciências da Actividade Física e do Desporto. André Novo fez uma proposta à direcção do Centro de Hemodiálise de Mirandela, para implementação de um programa de investigação de exercício físico, em doentes hemodialisados.
O programa tem em consideração que estes doentes têm baixo nível de capacidade física e que, apesar dos avanços significativos no tratamento de substituição renal, os doentes mantém-se limitados fisicamente.
Nesse âmbito, o Centro de Hemodiálise de Mirandela estabeleceu um protocolo com as universidades de Leon e Valladollid, em Espanha, para a realização de um programa de treino, prescrito de forma individualizada e específica, para cada doente.
Nos últimos dias de Outubro foi feita uma avaliação prévia da capacidade física e da qualidade de vida dos doentes hemodialisados.
Desde então, o grupo de voluntários, cerca de 30, estão a ser conduzidos através de um período de treino progressivo, supervisionado e individualizado, em bicicleta reclinada e tapete rolante, com a duração de meia hora, antes de cada sessão de hemodiálise, três vezes por semana. Estas sessões decorrem até ao final deste mês. Nessa altura serão feita a avaliação final, para poder comparar com aqueles que não quiseram participar no programa, disse o enfermeiro. Posteriormente, para cada doente, poderá ser proposto um programa de treino específico.
No entanto, André Novo faz questão de frisar que o principal objectivo é mesmo a melhoria da qualidade de vida dos utentes, que sofrem de uma doença crónica que leva a uma vida sedentária. É necessário torná-los activos, levá-los a conviverem, fazer-lhes sentir que são pessoas como as demais, que podem fazer exercício, e desmistificar a ideia do coitadinho que tem uma doença e não pode fazer nada.
As novidades não se ficam por aqui. Futuramente o Centro de Hemodiálise de Mirandela (CHM) vai implementar um programa de exercício de força e aeróbio, com bicicletas adaptadas, para ser efectuados durante a própria sessão de quatro horas nos tratamentos.
Para este programa, a direcção do CHM investiu cerca de 20 mil euros nas máquinas de exercício e conta com a colaboração das sub-regiões de Saúde de Bragança e Vila Real no transportes dos doentes.
Francisco Travassos, enfermeiro director do Centro, revela uma enorme satisfação pelos resultados que este programa pioneiro está a conseguir. Pelo menos é comprovado pelo que é transmitido pelos próprios utentes, referiu.
Aquele profissional de saúde revela que as melhorias passam por uma maior mobilidade, pelo facto de conseguirem dormir melhor e, após o treino, estarem mais descontraídos e relaxados, para melhor enfrentarem o tratamento de hemodiálise.
Mas, a grande vitória será conseguir motivar mais doentes crónicos de insuficiência renal para este programa de exercício físico, acrescenta.
estatística
125 é o número de utentes do centro de hemodiálise
63 é a média de idades
30: número de voluntários do programa
82: idade do utente mais velho
30: minutos de exercício físico
240: minutos de duração do tratamento
fonte: www.mdb.pt